Portugal é um exemplo no que diz respeito aos “segredos”: conseguimos guardar segredo de coisas que todos devíamos saber – e que só passados alguns anos vimos a saber, e normalmente é mau – e não conseguimos guardar segredo daquilo que devia ficar durante algum tempo em segredo.
E isto é o tema de hoje que não tem a ver com política mas com comportamentos pessoais. Vejamos:
Eu chego a uma repartição pública e peço determinada informação e vem uma resposta “desculpe mas só pode ser dada ao próprio” mas, provavelmente, se envolver alguma figura que dê um “estouro” nos jornais do dia seguinte, os noticiários relatam o que eu queria saber. Claro que isto é ficção…mas será mesmo ficção? Quantos “segredos de justiça” nós vimos violados por “anónimos” em que até relatos dos interrogatórios foram divulgados? Talvez não tenhamos dedos nas mãos que cheguem para os contar. Ora nestes dias houve uma reunião com as mais altas figuras do Estado e mais alguns figurantes de, “AO QUE SE DIZ”, elevado prestígio ético. Esta reunião tem como característica que o que se passa lá dentro só pode ser divulgado por comunicado sucinto da Presidência da Republica e as actas só poderão ser divulgadas ao fim de trinta anos. Acho que já perceberam ao que venho.
Se repararem eu escrevi “AO QUE SE DIZ” sobre a idoneidade de todos os elementos presentes na reunião. Se a elite política vai a uma reunião destas e…passadas umas horas se sabe que um elemento esteve calado o tempo todo – o que seria motivo de escândalo – que pensar da ética…de todo um povo? Quem terá sido o “BUFO” que deixou como suspeitos de falta de idoneidade todos os seus colegas? Que imagem foi passada, neste capítulo da ética, para um País que tem um “quebra segredos de Estado” na sua elite do mais elevado nível político? Que autoridade tem o Estado para criticar os “bufos” e os “compradores das suas bufadelas” nos outros casos de justiça? A Procuradoria Geral da Republica terá ouvido falar deste assunto? Se ouviu, será que resolveu tomar alguma iniciativa como fez nos outros inquéritos que abriu sobre quebra do segredo de justiça mas dos quais EU nunca vi resultados? É que a justiça é cega e tem dois pratos de uma balança que não podem ter pesos diferentes. Repito: este texto não tem a ver com política – eu de política cada vez percebo menos – mas sim com ÉTICA. E o título deste texto é “o estado do Conselho” porque o “Conselho de Estado” não pode ter esta FALTA DE ÉTICA!!!