JOSÉ RÉGIO o Lélito

17 de SETEMBRO

Após o terramoto de 1755 Lisboa foi reconstruída, e logo se fala do Marquês do Pombal e esquece-se os arquitectos dessa reconstrução e um deles e, talvez, o principal morreu em 1768 e chamava-se Manuel da Maia. No ano de 1787 os EUA proclamaram a sua primeira Constituição. Em 1922 nascia em Angola o médico que haveria de ser o seu primeiro Presidente da República, Agostinho Neto. Em 1978 nos EUA, mais propriamente em Camp David (casa de férias do Presidente dos EUA), em Maryland, Jimmy Carter conseguiu a assinatura de um Tratado de Paz pelo PM de Israel Menachem Begin e pelo Presidente do Egipto Anwar Al Sadat. Ambos receberam o Prémio Nobel da Paz de 1978 e ambos pagaram por isso: Sadat foi assassinado e Begin foi enganado pelo seu ministro da Defesa Ariel Sharon e demitiu-se. Em 1994 morreu um filósofo britânico, mas de origem austríaca, Karl Popper que no seu livro “A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos” definiu aquilo a que chamou de “Paradoxo da Intolerância”. Uma frase sua neste contexto é “a intolerância não deve ser tolerada…” sendo ele um defensor da tolerância!

Em 1979 nasceu uma fadista bem conhecida, a Ana Moura, uma ribatejana de Santarém. Em 1996 terminava o seu mandato (que é anual) como Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas (não confundir com o Secretário Geral) o falecido Diogo Freitas do Amaral.

E vou terminar com um nome grande da literatura portuguesa do século XX que nasceu neste dia de 1901 em Vila do Conde onde veio a morrer, e dividiu o seu tempo com Coimbra e Portalegre, José Maria dos Reis Pereira. Não é por ele ser José Maria Reis que é um nome grande mas sim por publicar com o nome de José Régio. Escreveu uma “saga” autobiográfica “A Velha Casa” em 5 volumes, e outras prosas, foi pintor tal como o seu irmão Júlio (Saul Dias) coleccionou “Cristos” e deixou-nos poesias como esta que conheceis mas que, provavelmente, não sabeis que é da sua autoria e que foi e é cantado em fado, aliás chama-se “Fado Português.

O Fado nasceu um dia,

Quando o vento mal bulia 

E o céu e o mar prolongava,

Na amurada dum veleiro, 

No peito de um marinheiro 

Que, estando triste, cantava, 

Que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha, 

Meu chão, meu monte, meu vale, 

De folhas, flores, frutos de oiro, 

Vê se vês terras de Espanha, 

Areias de Portugal,

Olhar ceguinho de choro.

Na boca de um marinheiro

Do frágil barco veleiro, 

Morrendo a canção magoada,

Diz o pungir dos desejos

Do lábio a queimar de beijos

Que beija o ar, e mais nada, 

Que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus, Maria.

Guarda bem no teu sentido

Que aqui te faço uma jura:

Que ou te leve à sacristia, 

Ou foi Deus que foi servido

Dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia, 

Quando o vento nem bulia

E o céu o mar prolongava,

À proa de outro veleiro

Velava outro marinheiro

Que, estando triste cantava

Que, estando triste, cantava.

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