Quando a minha idade tinha só um digito eu frequentei em simultâneo a Instrução Primária e a Catequese da Paróquia que me foi ministrada por uma freira espanhola de nome Margarida. Nós não lhe chamávamos freira mas sim Madre, isso mesmo, Madre Margarida, de quem guardo uma memória de doçura.
Ao longo das minhas décadas de vida, umas vezes próximo das actividades da Igreja outras mais afastado, fiz algumas aprendizagens em retiros ou em movimentos de católicos as quais tenho de aceitar que foram catequeses não intensivas. E é neste conjunto de catequeses, na família e na experiência de vida que eu considero que estão os alicerces da minha FÉ. Mas a que propósito vem isto?
Hoje venho desapontar alguns dos que ficaram embevecidos com a CATEQUESE que o Papa Francisco fez em todos os dias em que permaneceu em Lisboa e em Fátima, pois considero que ele, na sua simpatia e na sua eloquência, não nos disse nada de novo. Eu disse “desapontar alguns” porque eu também fiquei embevecido pelas suas comunicações ao mesmo tempo duras e ao mesmo tempo doces. E vou explicar o que quero dizer.
Foi notório que o Santo Padre fez imensas citações como por exemplo Camões, Pessoa, Sophia, Saramago entre outros mas o que me parece que passou despercebido à maioria é que de citação em citação o querido Papa acrescentou muita catequese e que muitas vezes a sua comunicação parecia feita por parábolas ou alegorias. Pois é, para mim a belíssima CATEQUESE que o Papa Francisco veio fazer a Portugal para o mundo foi como que uma citação maior que todas as outras: citou CRISTO o autor por palavras e actos de toda a CATEQUESE. Digo que desaponto aqueles que acham que o Papa Francisco disse alguma coisa da sua autoria, porque eu acho que ele foi maravilhosamente eloquente a citar JESUS CRISTO. Para mim tem o grande mérito de ter sido Mestre, e direi a roçar a perfeição, a dizer-nos qual é o sentido da vida que o Redentor quer para todos nós. Nós já sabíamos tudo o que Ele nos disse só que, com o emaranhado dos dias, estávamos distraídos e já não nos lembrávamos de o praticar e o Papa veio chamar-nos a atenção de que nos estávamos a dispersar e resolveu lembrar-nos e acordar-nos. O Papa Francisco usou uma citação que ficou na memória da maioria e que por lapso foi atribuída ao grande “Gabo”, Gabriel Garcia Marquez quando o autor foi Johnny Welch sobre “ a licitude de olhar de cima para baixo sobre alguém” e a mim apetece-me dizer que o Papa veio de avião para lhe ser licito olhar-nos de cima e levantar os que estão caídos – a maioria de nós que nos deixamos emaranhar pela vida mundana do ter em vez do ser, sim do ser, mas do ser seguidor de Cristo. Que grande comunicador, que belas aulas de recuperação da matéria dada, não é um catedrático mas sim um Super Catedrático Professor Doutor Jorge Maria Bergoglio que veio das Pampas para deslumbrar o mundo. Que coragem com palavras duras a enfrentar os erros e com carinho a enfrentar as vítimas, que doçura a praticar o que Cristo apregoou “deixai vir a mim as criancinhas…”, que ternura que usou a cumprimentar os cidadãos deficientes um a um em Fátima e que leveza e delicadeza que usou para nos puxar as orelhas. Obrigado Papa Francisco e já agora gostaria de chegar à sua idade com essa lucidez. Ficou-me no entanto uma dúvida: quando Cristo disse aos discípulos que não tivessem medo de ir a julgamento porque Ele lhes ensinava o que deviam dizer (através do Espírito Santo) não terá Cristo repetido “a cena” com esta CATEQUESE. É que esta CATEQUESE não me pareceu humana, mas sim uma CATEQUESE ILUMINADA.