Ontem foi um dia fértil em termos desportivos portugueses em competições internacionais e, por isso, o Presidente Marcelo devia ter tido um dia cansativo a mandar felicitações aos atletas, treinadores, adjuntos, auxiliares e federações.
Vejamos, duas medalhas de ouro na canoagem, uma medalha de bronze na natação, uma Taça Intercontinental de Clubes no futebol abaixo de 20 anos e não menciono nomes porque não houve televisão que não noticiasse e jornal que não trouxesse estes resultados na primeira página. O que não foi veiculado naquela comunicação social foi que em França um jovem, Guilherme Ribeiro (20 anos), ganhou uma etapa de surf subindo ao 3º lugar da classificação europeia e no feminino a Francisca Veselko (19 anos) também venceu a mesma etapa e subiu ao 2º lugar da classificação europeia.
Batemos palmas a estes dois atletas de uma modalidade que eu não sigo habitualmente mas cujo esforço eu gosto de reconhecer nos seus resultados.
E o que fez com que eu atribuísse o título acima a este texto?
É que o futebol feminino, representado pelo campeão nacional o Benfica, teve um resultado bastante positivo na Liga dos Campeões vencendo na “Nederlândia” (Países Baixos) o Twente por 1-2 passando para a fase seguinte tal como o conjunto masculino havia feito com o Middytland. Ou seja o masculino foi à pré-eliminatória e passou à 2ª fase e veio em todas as capas de jornal e o feminino fez o mesmo eliminando as kosovares e agora as neerlandesas e também passou à 2ª fase e não há um jornal que traga na 1ª página qualquer sinal. (Claro que a brincadeira sobre o PR não tem nada a ver com este jogo). Mas é a constatação de uma realidade: para ser notícia desportiva no feminino só se trouxerem um medalha ou uma taça é que têm direito a um quadradinho da 1ª página de qualquer noticiário. Dir-me-ão que a comunicação social não é machista, que é comercial e que o desporto feminino não “vende”, mas se colocarem lá uma foto de um escândalo social de uma desportista já “vende”. Conclusão: a culpa não é da comunicação social mas sim dos seus clientes, segundo a própria CS, pois só “compram” não pelos resultados desportivos mas pelo escândalo da desportista. Enfim…
Só uma nota final: já há países que já pagam o mesmo prémio às selecções femininas que às masculinas. Batamos palmas a essas Federações e só estou a falar de futebol.