DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA

DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA

Alguém me desafiou a escrever hoje sobre o DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA.  Tarefa difícil para mim que nunca entrei numa Faculdade de Letras onde é natural que haja mais percentagem de especialistas deste tema. Mas vou arriscar. Estarei a preparar-me para alguns reparos – só espero que não destravem a tal LÍNGUA com criticas ferozes.  Vamos a isto…

Em primeiro lugar devo dizer que adoro a LÍNGUA PORTUGUESA, talvez por poder com ela dizer qualquer coisa e provavelmente dizer o contrário sem que me chamem incoerente. É uma LÍNGUA que quase com as mesmas palavras nos faz chorar ou rir consoante o contexto e a disposição com que a usamos. E para estas trocas e baldrocas conta com o preciosíssimo apoio duns risquinhos e pontinhos a que chamamos pontuação e que mudam o sentido de tudo.Mas comecei este paragrafo por dizer que a adoro e a verdade é que a LÍNGUA PORTUGUESA estufada com ervilhas é um dos meus pratos preferidos. Portanto pela boca a uso para comunicar e pela boca a uso para saborear um conforto do meu estomago. Para verem a riqueza da LÍNGUA vejam que se costuma dizer “pela boca morre o peixe” e neste caso pela boca morre a LÍNGUA” mas também é pela boca que nasce a palavra da nossa LÍNGUA quando falamos. Claro que não é fácil LINGUAJAR a nossa LÍNGUA e a prova disso é que os estrangeiros não se vêem portugueses quando a estão a aprender: eles vêem-se gregos para aprender bem a LÍNGUA PORTUGUESA. E torna-se mais difícil de aprender porque tem origem no grego, no latim, e, se não fosse o D. Afonso Henriques ter batido na mãe, hoje falaríamos galaico-duriense o que nos iria meter numa grande galegada. A nossa LÍNGUA PORTUGUESA é portanto filha de vários pais mas também já tem descendentes – muito esquisitos – o MIRANDÊS no Alto Douro e o MINDERICO no Ribatejo, que juntos com a universal linguagem para surdos fazem o conjunto de LÍNGUAS OFICIAIS DO ESTADO PORTUGUÊS. E claro está que para além destes filhotes da LÍNGUA PORTUGUESA há ainda uma quantidade de enteados como sejam os faladores das ilhas atlânticas, dos algarvios, dos alentejanos, dos beirões, dos puristas, dos “betinhos” e claro está dos nortenhos que em si ainda contêm um “nicho” muito especial que não posso esquecer, CARAGO, que é a LÍNGUA PORTU ENSE. Já tem dicionário próprio mas não vou aqui abrir nenhuma página para não confundir os estrangeiros. Mas eu não esqueço – que saudade – de ouvir o Grande Raul Solnado no ZIP-ZIP a dizer que havia uma PORTagem e um aeroPORTO.. E agora que falei no Zip-Zip lembro-me que foi lá que vi, ouvi e nunca mais esqueci dois Homens que trabalharam bem a LÍNGUA PORTUGUESA: um pela forma como a usou José de Almada Negreiros e o outro Manuel Freire como a cantou quando apresentou a Pedra Filosofal de um professor de química, António Gedeão, que usou a LÍNGUA PORTUGUESA com grande maestria. E como o tema é a LÍNGUA PORTUGUESA que tal tentarem ler um trabalho magistral do Almeida Negreiros pela forma como ele brincou com as palavras para atacar um escritor da LÍNGUA PORTUGUESSA de seu nome Júlio Dantas, com o “Manifesto Anti-Dantas” ou sugestão ainda mais simpática ouvi-lo pela voz de um declamador que previlegiou a LÍNGUA PORTUGUESA com o seu enorme talento, o Mário Viegas. Mas para deixar para trás o ZIP- ZIP e como vos falei do António Gedeão, que afinal se chamava Rómulo de Carvalho, que tal darem uma vista de olhos a um poema escrito por esse professor de químíca e que se intitula “Lágrima de Preta” também cantado pelo Manuel Freire. Grandes momentos da LÍNGUA PORTUGUESA.

A LÍNGUA PORTUGUESA é um ex-libris da maneira de ser acolhedora do povo que somos e que tal como acolhemos migrantes também a nossa LÍNGUA acolheu palavras sejam de origem francesa, inglesa, alemã, castelhana, etc e com todo o gosto as usamos, mas o engraçado é que a LÍNGUA PORTUGUESA também acolheu “BUÉ” de palavras oriundas dos outros países que usam a nossa própria LÍNGUA PORTUGUESA. Mas é também interessante como a LÍNGUA é dinâmica (a de dentro da boca também nunca ou quase nunca está quieta) e é assim que, quando eu nasci, não havia a palavra “ALUNAGEM” e hoje “anda muita gente na lua”. E agora com a linguagem tecnológica quem é que há 50 anos dizia “telemóvel” ou por exemplo “bit”. E agora falta-me dizer que a LÍNGUA PORTUGUESA tem um gueto que é o CALÃO que é muito usado na linguagem popular e dentro deste gueto há um subgueto chamado PALAVRÃO.  Reparem eu escrevi uma palavra que não sei se existe e todos a leram e não deram por ela. Sabem dizer-me se existe a palavra “subgueto”? Esta é uma das riquezas da LÍNGUA PORTUGUESA que consiste em criar palavras que não existiam mas que quem as lê as entende. Existirá “subgueto”? Quem é exímio neste tipo de criação de palavras que utiliza nos seus livros é um escritor moçambicano muito na moda conhecido como Mia Couto, de quem já li, entre outras boas obras, uma cujo titulo exemplifica bem o que atrás disse: PENSAGEIRO FREQUENTE que é um conjunto de crónicas escritas numa revista de uma companhia aérea em que ele era um “passageiro pensador” e isso fez dele um ‘Pensageiro”. 

Mas, embora houvesse muito para escrever sobre a LÍNGUA PORTUGUESA, vou deixar de “dar `LÍNGUA” para não me chamarem nem LINGUAREIRO nem LINGUARUDO e deixo para os LINGUÍSTAS a parte técnica para a qual não tenho habilitações. 

E sobre frases espectaculares sobre a LÍNGUA PORTUGUESA temos muitos SENHORES que nos honram o passado e o presente da LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA e que não me atrevo a trazer para este LINGUAREJADO

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