FUTEBOL DO TEMPO DOS “ANTIGOS”

Num fim de semana de Julho de 1967 acampei num terreno junto à curva da Timpeira no circuito de Vila Real para assistir ao circuito automóvel debaixo de um calor tórrido que se tinha abatido sobre Portugal inteiro. Mas a corrida não é futebol e era disso que eu vinha falar. É que nesse mesmo dia realizou-se o jogo oficial do futebol português que eu julgo que durou mais tempo, mais propriamente 144 minutos…e sob o tal calor!

Foi a final da Taça de Portugal no velho Jamor e não foi entre nenhuma das equipas dos três grandes: foi um Vitória Futebol Club, de Setúbal vs Associação Académica, de Coimbra. E como não havia televisão portátil não vi o jogo em directo mas tive a oportunidade de ver um resumo no “Domingo Desportivo”, com o saudoso Alves dos Santos.  Debaixo daquele calor jogar 2 horas e 24 minutos foi mesmo uma tortura…

Mas vamos aos factos: os coimbrões marcaram primeiro mas os sadinos empataram e assim chegaram aos 90 minutos e seguiu-se um prolongamento em que os sadinos marcaram primeiro mas os da “briosa” voltaram a empatar, pelo que foi preciso um segundo prolongamento em que quem marcasse o chamado “golo dourado” acabaria o jogo de imediato e ganharia o troféu. Esse desiderato saiu ao Vitória com um golo ao fim de 24 minutos marcado pelo saudoso Jacinto João o carinhoso “J. J.”. Foi um 3-2 de grande sacrifício com dois senhores treinadores com um “T” muito grande: Fernando Vaz que “derrotou” Mário Wilson. E já agora vamos lembrar que no Vitória jogavam o Vital na baliza, os irmãos Conceição (o Joaquim e o José Maria), o Vítor Baptista (do brinco), o Pedras, o Guerreiro, o Tomé, o “J..J.”, o Leiria, o Carriço e o Herculano. E na Académica jogaram uma mão cheia de futuros doutores capitaneados pelo macaísta Rocha, e com o Maló na baliza, o Vieira Nunes e o Celestino, o Rui Rodrigues, o Marques, o Vítor Campos e o Toni, o Crispim, o Ernesto e o Artur Jorge. Que saudades de gente desta qualidade. Falta dizer que o árbitro, de quem eu não tenho memória, se chamava Salvador Garcia que, segundo se dizia, já pedia um golo, por favor…

Agora vem a razão que me levou a falar disto: hoje no velhinho Estádio do Bonfim jogou-se o Vitória Futebol Club, de Setúbal – Associação Académica, de Coimbra, que terminou com o resultado de 0-0, o que seria por certo um facto NÃO relevante se fosse na nossa 1ª Liga mas, para tristeza nossa, as duas equipas jogaram para a 3ª Liga mas com intenção de angariar pontos NÃO para subir à 2ª Liga mas SIM para não descer a um 4º escalão onde jogam o Leça, o Salgueiros, Beira Mar, o Atlético, o Lusitano de Évora e o Olhanense entre outros. 

QUE PENA…são saudades mas não saudosismo!

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