Hoje estive à espera que o meu Amigo Joaquim Queirós escrevesse o seu texto pois ele é, entre os que me leem e eu leio, o “expert” e o decano desta área: o futebol.
Já li e gostei. Agora tenho mais à-vontade para escrever este texto.
A televisão chegou a Portugal em 1957 a preto e branco e quase só havia em cafés, nas montras das lojas que as vendiam e numa ou noutra casa de gente mais abastada. E quase todos os dias lá vinha a seguinte mensagem: “Pedimos desculpa por esta interrupção. O programa segue dentro de momentos”. E primeiro “bufávamos” e depois já “praguejávamos”, (hoje praguejamos e bufamos pelos conteúdos e por trocarem as coisas e não nos pedirem desculpa). E eu tinha quase 11 anos e foi um deslumbre porque se não tivesse visto no Cine Teatro Constantino Nery, o “Joselito” ou o “Marcelino, Pão e Vinho” ou ainda a “Marisol” eu não sabia o que eram aquelas imagens que passavam.
Em ano do Catar 2022, com o Mundial da “Indústria” do Futebol associo as imagens que tenho na minha retina e na memória do Mundial do “Desporto” Futebol que se realizou em 1958, na Suécia, e que, infelizmente, nos roubou um dos melhores de sempre entre os jornalistas portugueses de futebol: o grande jogador e seleccionador o casapiano Mestre Cândido de Oliveira, que morreu em serviço de reportagem. Pois bem a ainda bébé RTP mostrou-nos alguns jogos desse mundial sem as cores das camisolas e por isso de modo mais difícil de fazer identificações. Mas lembro-me bem de, entre escuros e mais escuros, ter visto o Brasil ganhar à França (de Just Fontaine e Raymond Kopa) por 5-2 e a seguir esperar pela anfitriã a surpreendente Suécia, cujos avançados jogavam em Itália. Ia ser uma grande final, mas na verdade foi mesmo uma grande final com os mesmos 5-2 a favor do Brasil jogo que deu o grande brilho ao miúdo que estava a três meses de fazer 18 anos e a quem chamavam PELÉ. Simplesmente brilhante. Deixou-me os “olhos em bico”. Ora no tempo em que o futebol ainda era “desporto mesmo” ele fez o que mais ninguém fez e tem um currículo que mais ninguém tem. Eu vi jogar o Eusébio, o Maradona, o Ronaldo Nazário, o Zidane, o Cristiano Ronaldo, o Messi (reparem que temos dois portugueses nesta lista) mas, para mim, nenhum se igualou ao Rei PELÉ. E havia de ser no ano em que se disputou o Mundial, passados 64 anos do seu dia de glória, que o meu ídolo nos deixou.
São pois as belas imagens de filmagens a preto e branco com o Brasil a jogar de mais escuro (jogou de azul), que eu retenho, que me fazem estar feliz por ter visto o “MELHOR JOGADOR DE FUTEBOL DO MUNDO E DE TODOS OS TEMPOS” a mostrar o seu talento e são estes artistas que nos fazem gostar tanto dessa “arte desportiva” que é o FUTEBOL.
Parabéns “Rei” PELÉ e sê feliz lá onde vais encontrar-te com a “Pantera Negra”, Eusébio, “El Pibe”, Maradona, para marcarem golos ao “Aranha Negra”, Lev Yashin.