AS SANTIDADES CELEBRADAS NESTES DIAS

No dia 1 celebra-se S. Carlos de Foucault, um francês de vida fácil e que vai a Marrocos e ao ver a fé dos muçulmanos descobre em si uma vocação para o nosso Deus. Só é ordenado aos 48 anos e foi para o deserto em África onde foi morto por um bando que cercou e assaltou a sua casa em 1916. Deixou muita obra e varias associações.

Depois vem o dia 2 e celebra-se uma virgem e mártir do século IV que tendo sido aliciada para a prostituição – a mais antiga profissão do mundo, dizem  – recusou-se a aceitar e foi condenada a chicotadas e, segundo a lenda, os que a chicoteavam endoideciam de seguida. Foi internada num hospício e quando morreu foi sepultada e sobre a sua campa cresceu um belo jardim que produzia plantas com efeitos curativos para a dor de cabeça, Hoje sobre esse espaço existe uma basílica e ela é uma das  Padroeiras de Sevilha e a ela se reza para aliviar as “dores de cabeça e as enxaquecas”.  Já tinham ouvido o nome de Santa Bibiana?  E este o seu nome.

Depois veio o sábado dia 3 e com ele o grande apóstolo do Oriente, S. Francisco Xavier,

um natural de Navarra que é considerado cofundador da Companhia de Jesus. O nosso D. João III (século XVI) pediu ao Papa que lhe enviasse missionários para converter os pagãos da Índia e foi ele o escolhido pelo Papa e acolhido pelos Portugueses. Foi para a Índia, Japão e acabou por morrer na China. Diz a Igreja Católica que, depois de S. Paulo, foi o que mais pagãos converteu ao Cristianismo. Hoje é Padroeiro de Setúbal e é, juntamente com Santa Teresa do Menino Jesus, o Padroeiro das Missões.

E chegamos ao domingo dia 4 e ao dia das chuvas e das trovoadas e celebrou-se o dia de um santo e uma santa: S. João Damasceno e Santa Bárbara. Do Santo, um sírio natural de Damasco, diz-se que quando o Imperador proibiu a veneração dos ícones ele se fez um opositor firme defendendo que os ícones tinham legitimidade para serem venerados e há uma lenda que diz que o Imperador ficou aborrecido e mandou documentos falsos a acusar S. João de fomentar uma revolta no califado de Damasco e o califa mandou cortar-lhe a mão direita para não poder escrever. Conta-se então que a sua veneração pela Assunção de Maria foi tão grande que a mão lhe foi reposta e daí nasceu a “Tricheira” que é um ícone com os dois braços habituais mais um braço de prata (lembra o apeadeiro da linha Porto-Lisboa na CP) que lhe foi aposto. E  hoje é um dos “doutores da Igreja Católica” mas muito venerado também pelos ortodoxos. E íamos deixar sem uma lenda para a Santa do dia? Nem pensar! Aqui não se faz discriminação de género.

Enquanto o Santo é da idade média a Santa Bárbara é do século III/IV e na vida desta turca muito bela conta-se que viveu os primeiros anos fechada pelo pai numa torre por ele ter medo da sociedade corrupta (já naquele tempo!!!. Depois já adulta conheceu alguns cristãos e aderiu à causa o que enfureceu o pai, Dióscoro, que a denunciou e foi condenada a tortura pelo prefeito Marciniano mas, como mesmo assim não renunciou à fé cristã, foi degolada pelo próprio pai. Mas “cá se fazem cá se pagam” – diz o povo,  e quando a cabeça dela rolou houve um trovão e um raio fulminou Dióscoro seu carrasco. Esta a razão de ser a protectora contra as trovoadas e ser ao mesmo tempo padroeira dos mineiros e de todos os que trabalham com o fogo.

E eis-nos chegados ao dia 5 segunda feira e aqui arranjo-vos a informação sobre 3 santos que se unem por uma razão: foram todos Bispos ou Arcebispos de Braga antes de chegar cá o D. Afonso Henriques: S. Geraldo, francês que é Padroeiro de Braga e viveu no século XI, S. Martinho de Dume um natural da Panónia (Hungria) que viveu no século VI e ficou conhecido como o “Apóstolo dos Suevos” e atribui-se a ele a mudança dos nomes dos dias da semana do latim onde eram relacionados com os deuses pagãos para “feira” (secunda, tertia, quarta, quinta, sexta) e sabbatum e Dominica Dies. E é também a ele que se atribui a construção do Mosteiro e da Igreja de Cedofeita, no Porto em honra de S. Martinho de Tours (o das castanhas) e finalmente S. Frutuoso, espanhol natural de Astorga, no Reino Visigótico que viveu no século VII e cujas relíquias foram “roubadas” pelo Arcebispo de Compostela e foram enterradas na cripta da Catedral até serem devolvidas a Braga em 1966 depois de 864 anos em terras de Santiago.

E para terminar trago-vos o Santo do dia 06 que traz o Natal mais cedo pois é nem mais nem menos que o “Pai Natal”, de seu nome Nicolau, e que não tem nada a ver com a Lapónia pois nasceu na Ásia Menor em Mira, hoje Turquia. É do século III e era muito rico e também muito bondoso distribuindo presentes às crianças e conta-se que um pai de três jovens raparigas não tendo dote para as filhas as convidou a prostituir-se e quando Nicolau soube atirou-lhes três sacas com dinheiro pela janela. Mais tarde foi Bispo da sua terra natal, Mira e esteve no Concilio de Niceia onde Jesus Cristo foi declarado “consubstancial ao Pai”.

E acabo aqui com o “Pai Natal” antecipado em que vos falei de pessoas veneradas, com várias histórias, reais umas e lendárias outras, e deixei para trás alguns santos que provavelmente também foram celebrados nestes dias.  

Leave a comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *