Tive uma Tia que tinha uma quarta classe à “moda antiga” que terminou nos anos 30 do século passado e que sabia ler bem e escrever bem e que até morrer aos 82 ou 83 anos esteve com a cabeça fresca e bem viva e que usava muitos “ditos e ditados populares” e que sendo solteira era a “coqueluche” dos sobrinhos todos e com a qual aprendi muito da vida porque ela era doutorada na melhor universidade, a da VIDA. Pois bem um dos seus ditos quando alguém a surpreendia pela negativa era: “valha-me Santo Ambrósio”.
Pois bem, hoje tive dois motivos para me lembrar dela: um pelo futebol e outro pela religião e felizmente não é pela característica que os relaciona muitas vezes: o fanatismo. Mas vamos ao futebol. Qatar, Portugal, Fernando Santos, Cristiano Ronaldo.
Portugal ganhou dois jogos seguidos e um deles foi uma vingança (Uruguai). Tudo bem, nas… Pronunciaram-se os crentes mas, muito mais, os agoirentos. Portugal perdeu com a Coreia do Sul (Fernando Santos deu jogo aos suplentes e mesmo assim obteve a classificação máxima) e alguns crentes vacilaram e os chilreantes agoirentos bradaram as desgraças futuras. Agora todos a tremer esperaram pela Suíça e no final são todos génios, alguns até esqueceram os direitos humanos os das mulheres e das crianças. Não deve haver ninguém que antes tenha “adivinhado” desgraças que não tenha agora cantado loas. Num texto do Pedro Proença relata-se que o Cristiano Ronaldo no Euro 2004 entrou no Portugal-Rússia substituindo o Luís Figo e este saiu amuado. O Luís Figo não perdeu estatuto e ainda hoje é um senhor do futebol por muitos erros que tenha cometido ao longo da sua carreira (obrigado Pedro Proença pelo magnifico texto). E aqui cabia, contra estes “jornaleiros” que só querem ver sangue mesmo que isso prejudique o bem estar da nossa selecção, a frase da minha querida Tia “valha-me Santo Ambrósio”.
Mudando a agulha para a religião venho dizer-vos que hoje a Igreja Católica celebra o dia de Santo Ambrósio que viveu no século IV e que viveu uma situação pouco comum (ou até única) ao longo dos tempos. De facto, ele era um funcionário público (devia “tratar bem” os cidadãos para ser tão querido) que a determinada altura da sua vida o povo aclamou-o como Bispo de Milão mas havia um senão…ele nem baptizado era!!! Foi então, já adulto, que foi baptizado, ordenado sacerdote e depois sim foi entronizado na Igreja como Bispo de Milão. Deixou bastantes escritos e diz-se que os seus escritos ajudaram mais tarde à conversão do grande Santo Agostinho. É caso para dizer “valha-me Santo Ambrósio”.
E para Vós que estais a ler digo-vos ‘que vos valha o Santo Ambrósio” mas não sou tão eficiente como o motorista do “ferrero rocher”.