Primeiro há que fazer um aviso: gosto de vinho e só o bebo às duas refeições tradicionalmente designadas por almoço e jantar e mesmo nessas não mais do que um copo pequeno ou copo e meio. Prefiro o tinto ao branco e o maduro ao verde, mas aceito todos. Feito o aviso aqui vamos nós ao tema.
Hoje ao almoço tive uma boa refeição feita em casa que merecia um bom acompanhamento que agradasse aos deuses e fiz uma evocação a Baco (não foi oração porque sou católico e o Baco é de outro campeonato) e a dita evocação levou-me a uma escolha da região do Douro e não é que achei que o Baco tem bom gosto e mandou-me um passarinho bonito com uma garrafa no bico. O almoço estava delicioso e eu “chamei-lhe um FIGO”, isto é não sobrou nada, mas acreditem que só bebi um copo e meio bem fresquinho. Em frente da mesa uma ampla janela virada para o jardim com as belas árvores, provavelmente centenárias, que tinham sido mais espertas que eu pois em vez de irem deixar o cabelo ao barbeiro – e o barbeiro só o aceita se eu lhe pagar – as ditas árvores chamam o vento e ficam quase carecas mas, nem por esse novo penteado, deixam de ficar lindas com as suas novas cores: folhas amareladas e ramos acinzentados.
Ao meu lado a minha companheira de sempre, que é mais delicada que eu no comer e mais discreta ainda no beber, completa o cenário mas tem ainda mais sensibilidade para a natureza que se apresenta aos seus olhos do que eu. Mas a que propósito vem tudo isto? É que ao olhar para a garrafa do vinho branco vi no seu rótulo um bonito pássaro, que eu sei que existe mas que nunca vi ao vivo, e imaginei-o a saltitar de ramo para ramo naquelas árvores que estão a recuperar forças para se tornarem pujantes na próxima primavera e nesse exercício de imaginação acompanhava com os olhos o voo do pássaro virtual e a sua felicidade, lembrando-me duma frase que li há dias e que dizia: “se gostas de aves não tenhas nenhuma gaiola deixa-as livres na natureza”. E pronto trouxe um pouco de vinho e como não gosto de muitas das belas e maravilhosas frutas que a natureza nos oferece deixei hoje um alimento para o dito pássaro e a fruta de hoje seria o FIGO. Quando jogava futebol gostava do FIGO mas do fruto Figo não gosto mas quem deve gostar, e muito, deve ser o PAPA FIGOS. Olhem como é bonito…