Vamos supor que eu sou auditor de contas de uma empresa e verifico que os gerentes resolveram substituir os ‘aspiradores” todos que tinham ao seu serviço, porque embora ainda aspirassem razoavelmente estavam a gastar muita electricidade e estavam a ter custos bastante razoáveis de manutenção. Encomendaram ao contabilista da empresa um estudo e ele apresentou-o dizendo que investindo umas dezenas de milhar de euros, mas com cabimento orçamental, poupar-se-ia em reparações alguns milhares de euros. Ou seja aconselhava a operação. Os gerentes levaram a proposta aos accionistas que a aprovaram. Mas um deles foi para casa a pensar e viu que havia a opinião pública – que não conhecia o estudo – a criticar a operação e pressionou os restantes e então desistiram da operação por mais um ano. Como auditor eu registo os dados todos e não tenho que me pronunciar pois não houve operação, houve só uma intenção, um estudo, uma proposta mas que foi anulada. Nada a dizer.
No ano seguinte volto à auditoria e sobre o mesmo tema e, depois de um ano de “campanha” bem feita, a mesma proposta volta a aparecer porque a conta da electricidade com a inflação e os custos de manutenção cada vez mais frequentes e também cada vez mais caros por efeito da maldita da inflação fizeram aumentar o custo da utilização dos “aspiridores”. Então novo estudo é pedido ao contabilista sobre o assunto. E a resposta chegou: os mesmos “aspiradores” a comprar no ano anterior são agora mais caros devido à inflação e ao mesmo tempo terá de se orçamentar mais dinheiro para a manutenção dos actuais se não se comprarem os novos. Então os gerentes levam a proposta de compra aos acionistas que aprovam a compra.
Perante este cenário eu como auditor penso escrever no relatório que o accionista que levou à marcha atrás do ano anterior é responsável pelos prejuízos causados à empresa porque: os novos “aspiradores” ficaram mais caros agora e devido ao deficiente funcionamento dos “aspiradores” antigos a empresa gastou mais electricidade e mais elevados e em mais quantidade custos de manutenção.
Os “aspiradores” novos vão SEMPRE ser comprados e se por acaso não fôr hoje será amanhã e se não fôr amanhã será depois de amanhã, porque a vontade dos gerentes não morre. Falta dizer que o negócio da empresa não tem nada a ver com “aspiradores”. Os “aspiradores” só fazem parte do imobilizado da empresa e do conforto dos gerentes e directores. E causam a indignação do accionista que “atrasou” a compra fazendo um grande alarido.
A moralidade ganhou no primeiro ano mas vai perder mais tarde porque “eles” não desistem. Se comprassem uns “aspiradores” mais utilitários em vez de “aspiradores” de luxo talvez conseguissem não abortar (para já) o levantar voo. Ou seja as bruxas levantavam voo em “vassouras” mas estes gerentes já só aceitam voar em luxuosos “aspiradores”. Aspirações de cada um…com o dinheiro dos outros!!!
Nota: TAPei as marcas para não fazer publicidade.