AINDA O FUTEBOL…

AINDA O FUTEBOL…

Na área de Matosinhos onde moro a electricidade, talvez porque está tão cara, resolveu fazer-nos poupar alguns cêntimos e a partir das 07,10 decidiu partir para parte incerta até às 08,50. Maravilha: parou a bomba da água, os estores eléctricos não se podiam subir, o elevador não se mexia, o portão da garagem não abria, os relógios dos equipamentos apagaram-se todos mas… a vida continua. Até a temperatura baixou mas, aqui sejamos justos, é mais culpa do S. Pedro que das eléctricas. O que é que isto tem a ver com futebol? Recordei a final do Campeonato do Mundo de 1982 quando eu estava a ver em casa de familiares em Vila Real de Santo António e um dos incêndios florestais de verão me deixou às escuras ao fim de um quarto de hora de jogo. Eu torcia pela Itália e tive de ouvir o resultado no rádio a pilhas: Itália 3 – Alemanha 1. Pois bem hoje de manhã, quando a energia eléctrica se foi, eu lembrei-me que podia ter sido ontem à hora da final da Liga dos Campeões o que seria menos bom. E depois disto chego ao futebol.

Ontem era dia de “sentenças” e, tal como estava a prever-se, consumou-se a não subida do Leça que tinha feito uma época muito inspiradora. No ano passado o Leça subiu no campo por mérito mas perdeu na secretaria por não ter regularizado as suas dívidas o que entristeceu a comunidade e este ano, depois de um grande brilharete na Taça de Portugal, estava balanceada a 3 jornadas do fim com dois jogos em casa quando ia no primeiro lugar. Empatou o primeiro jogo no último minuto dos descontos e isso valeu-lhe manter o lugar cimeiro. Perdeu rotundamente o segundo jogo em casa e, no texto do JN que laconicamente relatou o jogo vinha uma frase que me alertou e que se referia que ao desânimo da equipa não seriam alheios os salários em atraso. Não posso precisar as palavras mas foi assim que eu decifrei. Pois bem ontem o Leça, o segundo maior clube da nossa cidade, consumou a sua “não subida” de um modo para mim incómodo: desta vez perdeu no campo a subida e provavelmente não se irá falar daquilo que é grave: um ano não chegou para apagar os problemas financeiros do clube. Qual o futuro do clube? Teve duas grandes oportunidades de subir de escalão e desperdiçou-as…terá direito a uma terceira oportunidade? Vão daqui os meus desejos de que “à terceira seja de vez!”.

Apesar da mágoa e da tristeza destes dois anos Viva o LEÇA! Força LEÇA!

E a outra “sentença” foi o Nacional de Sub-19 (antes eram Júniores) em que o campeonato se decidiu entre o Porto e o Benfica, na última jornada…talvez devesse antes dizer nos últimos minutos…dos descontos!!! Por curiosidade o desempate fez-se pela diferença de golos e o Benfica teve 21 e o Porto 20 (o empate seria favorável ao Benfica). Um golo de diferença. Mas agora vejam-se os minutos dos golos: intervalo 0-0 nos dois campos e depois no Porto-Estoril 46 min, 64, 72, 82 e aqui o Porto era campeão porque no Benfica-Braga continuava o 0-0 mas aos 87 tudo mudou porque o Benfica marcou, mas no Porto marcava-se aos 88 e tudo virava e o Porto era campeão e no Benfica tudo voltava aos 89 mas no Porto marcou-se aos 90+4 e ficava tudo empatado  mas no Benfica marcava-se aos 90+6 e os jogos acabaram e o Benfica foi campeão. E isto de ter memória é terrível e leva-nos a maus pensamentos: 1959 Benfica-Cuf 7-1 e Torreense (que este ano subir à 2ª Liga depois de muitos anos nas catacumbas)- Porto 0-3 com o último golo a ser marcado pelo António Teixeira que veio treinar os “bébés” do Leixões e o Porto a ser campeão por um golo. O célebre episódio Inocêncio Calabote (paradoxo o nome Inocêncio). Naquele tempo só havia telefone fixo e as rádios a fazer os relatos mas ontem havia a alta tecnologia a postos. E só não percebi é porque alguns jogadores do Braga, que tanto lhes fazia ganhar ou perder porque a sua classificação estava definida e que lutaram com dignidade, choraram no fim. Terão chorado nos jogos que perderam antes desta jornada? Desde o episódio de Torres Vedras há 63 anos que eu acho que os “inocêncios” do futebol português sejam árbitros, jogadores, treinadores e dirigentes são um produto em grandes crescimento e especialização, mas não serão exclusivo nacional.

Mas ontem a Liga dos Campeões de 2021/2022 teve a sua “sentença”. Vamos a ela.

Quanto a Portugal o campeão foi o primeiro a sair, o vice-campeão foi a seguir e o terceiro apesar de muitas convulsões foi mais longe e veio embora empurrado pelo finalista vencido: o Liverpool. Para o ano vamos esperar ainda melhores resultados.

Já disse que o finalista vencido foi o Liverpool que há um mês atrás tinha muita coisa para ganhar e ganhou uma importante Taça no seu país, mas na semana seguinte perdeu por um ponto o seu campeonato e uma semana mais perdeu por um golo a Liga dos Campeões. Em vez de ganhar tudo ganhou apenas um prémio de consolação. Foi um digno vencido porque lutou muito, atacou muito com alguma da sua grande mais-valia mas também com a sua ineficácia. O seu muito bom treinador bem se esforçou mas também há um treinador do outro lado. Foi um jogo táctico que tirou algum brilho ao espectáculo mas o que estava em jogo não era o espectáculo mas sim levar a Taça para o museu do clube e os milhões respectivos. 

Do outro lado estava o Real Madrid que levou para casa a décima quarta Taça e, para mim, com bastante mérito pois para além de ter um guarda-redes em altíssimo nível teve um bloco defensivo muito solidário e fez dois ou três ataques em que marcou o golo da vitória e um golo invalidado (para mim leigo mal invalidado mas para alguns especialistas bem invalidado ao abrigo da “lei 11” cuja escrita e interpretação eu desconheço). E aqui faço uma comparação entre Carlo Ancelotti (que “só” é o único a ter 4 TCCE) e o José Mourinho: um bom guarda-redes, o adversário que jogue enquanto vou lá abaixo marcar-lhe um golo e depois todos juntos a defender e finalmente levar as Taças para o Museu do Clube!!! Parabéns ao Liverpool (que pena Diogo Jota) e parabéns ao Real Madrid sublinhando o super gigante Curtois, os “velhos” Carbajal (um poço de energia) Kroos (uma máquina alemã) Modric (o olho aberto e pés de veludo) Casemiro (o eficiente limpa terrenos) o Benzema (o amarrador dos centrais do Liverpool) e a alegria e o virtuosismo dos jovens que mesclam a equipa.

Lidas as “sentenças” que escolhi, recorro ao princípio do texto para vos dizer que por ironia lembro que hoje é o “dia mundial da ENERGIA”. LOGO HOJE QUE FALHOU!!!

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