10 de julho. Hoje quase tudo começa por ser o começo, ou seja, começa por ser o primeiro dia de qualquer coisa. Assim foi o 1º dia das Bahamas como país independente desde 1973.
Foi o 1º dia da vida, em 1509, do teólogo francês João Calvino, que fez uma ruptura na Igreja Católica Romana fundando uma linha de pensamento a que veio a chamar-se Calvinismo. Mas foi o 1º dia de vida de outro francês, já no ano de 1871, que foi um pensador e escritor, que nos deixou algumas obras de que destaco o “Em Busca do Tempo Perdido”, e se chamava Marcel Proust. O Metro de Paris, que só foi inaugurado em 19 de Julho teve, o seu 1º dia de abertura ao público neste dia em 1900, para gáudio de quem assistia à grande Exposição Universal. E se o Metro é por baixo da terra no dia de hoje de 1902, por cima da terra, o Elevador do Carmo, hoje mais conhecido por Elevador de S. Justa, no Carmo, em Lisboa, tinha o 1º dia de funcionamento. Também em 1925 foi o 1º dia de notícias da agência estatal russa TASS. E em 1940 foi um cinzento 1º dia da III República Francesa, do Governo de França-Vichy do Marechal Pétain, cuja Constituição contemplava a ocupação nazi do território francês. E mais duas personalidades tinham tido o seu 1º dia de vida, sendo que, em 1895, coube a vez ao compositor da “Carmina Burana” que toda a gente conhece, e não esquece as ondas do anúncio do “Old Spice”, e em 1925 nascia o grande apresentador de desenhos animados (hoje chama-se banda desenhada) da nossa TV com um estilo inconfundível: Vasco Granja. Hoje comemoramos 4 anos sobre o título de Campeões do Europeu de 2016 no Parque dos Príncipes em Paris com o famoso golo do Éder naquele que foi o nosso 1º título a nível de selecções e que nos deliciou, mas curiosamente faz 60 anos que a URSS venceu, no prolongamento, a Jugoslávia por 2-1 no Parque dos Príncipes na final do 1º Campeonato Europeu. O 1º satélite de comunicações o Telstar foi lançado neste dia de 1962 e revolucionou a área das telecomunicações. Mas também a estilista inglesa Mary Quant escolheu este dia em 1964 para cortar pano às saias e desfilar pela 1ª vez a “mini-saia”. Que escândalo!!! E já que falo de ingleses digo-vos que em 1973 (já eu tinha regressado de lá) o jornal inglês “The Times” escreve pela 1ª vez sobre o massacre de Wiriyamu, em Moçambique, de nativos por forças da PIDE e dos Comandos, ocorrido uma semana antes do Natal de 1972. Os prémios dados em vida são na minha opinião um “pau de dois bicos” e explico. Se uma pessoa merece ser premiado deve sê-lo em vida, pois em caso contrário é para alegria dos familiares e amigos e não para os próprios, mas o pior é quando os premiados vivos “borram a escrita” depois. Porque falo disto agora. Porque em 1991 o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento do Parlamento Europeu foi atribuído à líder da oposição da Birmânia (hoje o país chama-se Myanmar) que estava presa e não pode ir recebê-lo. Quatro anos mais, em 1995, teve a premiada Aung San Sun Kyi o seu 1º dia de liberdade. E chegou ao poder e é co-responsável pelo que está a acontecer ao povo Rohingya que teve de fugir do seu pais para evitar um genocídio total. Também foi o 1º dia da vida eterna para um dos cinco violinos, o discreto mas eficiente, Manuel Vasques em 2003, e no ano seguinte foi também o mesmo 1º dia para uma pessoa que acreditava profundamente na vida eterna: a Engª Maria de Lurdes Pintassilgo. E foi também o 1º dia em que deixamos de ter entre nós o egípcio quebra corações que de Karish no “Lawrence da Arábia” (óscar de actor secundário) e o “Dr. Jivago” (óscar de melhor actor): Omar Shariff. E tudo teve a palavra primeiro e para acabar uma notícia importante que não traz consigo nenhum primeiro: em 2001 o Prémio Camões é atribuído ao poeta José Fontinhas mas que todos conhecemos como o grande EUGÉNIO DE ANDRADE.