Há dias veio noticiado nos jornais que um iraquiano residente na Suécia foi queimar um exemplar do Corão em frente a uma mesquita. É evidente que este acto, a ser verdadeiro como li nas notícias, tem por trás uma provocação à religião muçulmana e causou especial enfase na Turquia. Isto fez-me lembrar o incidente com o cartoon na Dinamarca que já estava no limbo do esquecimento.
Ora o facto disto agora ter acontecido num momento em que a Turquia bloqueava a entrada da Suécia na Nato teve proporções mais evidentes. E a “queimada” foi condenada por quase toda a gente. Depois prosseguiram as negociações entre a Turquia e a Suécia sobre a Nato e as “coisas” encarreiraram e parece que após alterações à Constituição da Suécia e mais algumas cedências face à actuação do país escandinavo sobre refugiados, asilados, etc. a Suécia vai ter a sua entrada na estrutura militar assegurada. E porque estou a falar nisto? Porque a noticia da queima do Corão, que foi dada quase como despercebida, veio agora a ter uma noticia que a complementa e que passou, novamente, despercebida a quase toda a gente: a um caso (Corão queimado) feito sem autorização das entidades oficiais opôs-se a outro caso porque as autoridades suecas concederam liberdade para serem queimados numa manifestação pública uma Torah e uma Bíblia. Não sei se queimar um livro sagrado dos Judeus e dos Católicos foi moeda de troca pela queima do livro sagrado dos Muçulmanos, mas que foi autorizada pelas autoridades suecas num período de negociação para a entrada na NATO é mesmo verdade e isso poder considerada só uma coincidência deve ser mesmo uma coincidência. Isto não é no terceiro mundo mas na velha Europa cheia de pergaminhos: como se fez um erro estamos autorizados a fazer um outro erro para ficarmos quites. Talvez um dia quando alguém matar um elemento sagrado de uma religião se autorize a matar outro da outra religião para compensar. Que acham?
